O aguardado julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete aliados, todos réus em uma ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma suposta trama golpista, pode ter início entre o final de agosto e o começo de setembro. Essa estimativa se baseia na conclusão do prazo para as alegações finais das partes envolvidas no processo1….
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, concedeu um período de 15 dias para que as defesas dos oito réus apresentem suas manifestações finais. O mesmo prazo foi estipulado para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no processo1. A PGR será a primeira a se posicionar, seguida por Mauro Cid, e então os demais réus terão um prazo simultâneo para suas defesas45. A expectativa é que todas as alegações sejam finalizadas até o dia 11 de agosto6. É importante ressaltar que o recesso do Judiciário em julho não suspende esses prazos, especialmente considerando que um dos acusados, Walter Braga Netto, encontra-se detido4….
Após o recebimento de todas as alegações, o ministro Alexandre de Moraes deverá elaborar seu voto e liberar o caso para julgamento. A definição da data exata em que o processo será pautado caberá ao ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo, que será responsável por conduzir o colegiado45.
Além do ex-presidente, outros sete indivíduos que integravam a alta cúpula de seu governo estão entre os réus, acusados de suposta tentativa de golpe de Estado78. A denúncia da PGR divide os investigados em diferentes núcleos, sendo o primeiro composto pelos oito acusados centrais. Estes incluem:
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Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, acusado de disseminar notícias falsas sobre fraude nas eleições8.
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Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, que teria apoiado a tentativa de golpe e oferecido tropas8.
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Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, apontado por assessorar Bolsonaro no plano golpista, com uma minuta de golpe encontrada em sua residência9.
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Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, envolvido na propagação de notícias falsas sobre o sistema eleitoral9.
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Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, que participou de reuniões sobre o golpe e trocou mensagens relacionadas ao planejamento da ação10.
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Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, acusado de apresentar um decreto de estado de defesa, redigido por Bolsonaro, com o objetivo de anular os resultados eleitorais10.
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Walter Souza Braga Netto, ex-ministro e general da reserva, o único réu preso entre os acusados do núcleo central, detido sob suspeita de obstrução de investigações. Delatores indicam que ele teria entregado dinheiro para financiar ações golpistas10.
Jair Bolsonaro, por sua vez, é apontado pela PGR como o líder da suposta trama golpista, que visava mantê-lo no poder após a derrota nas eleições9. Em seu depoimento à Primeira Turma do STF, o ex-presidente negou participação em qualquer articulação golpista, afirmando ter sempre atuado dentro dos limites constitucionais. No entanto, ele admitiu que “hipóteses” de contestação do resultado eleitoral foram discutidas com comandantes das Forças Armadas, embora as tenha descrito como “desabafos” e ideias rapidamente descartadas por falta de “clima” ou “base minimamente sólida”1112.
Os réus enfrentam acusações graves, que incluem organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado13.
Este importante desdobramento da justiça brasileira tem repercussão em todo o país, sendo acompanhado de perto pela sociedade. Em cidades como Feira de Santana, no interior da Bahia, os cidadãos feirenses também demonstram interesse nos próximos passos desse processo, que pode redefinir o cenário político e jurídico nacional.