Tom Brown é mais que um músico — é um símbolo vivo da resistência cultural, um verdadeiro patrimônio de Feira de Santana. Cantor, compositor e artista independente, ele carrega no peito a bandeira do reggae, sendo reconhecido como um dos precursores do gênero na Bahia e no Brasil. Sua trajetória é marcada por luta, superação e vitórias que ecoam no coração da comunidade regueira.
Sua história com o reggae começou no final dos anos 70, quando ainda não se identificava com o estilo. Fã de Roberto Carlos e do sertanejo original, sua virada musical veio ao conhecer o som de Dennis Brown. No início, estranhou o ritmo, mas a convivência com o cenário musical da época — especialmente as discotecas de Feira de Santana que tocavam Michael Jackson, Jimmy Cliff e Bob Marley — fez nascer uma paixão arrebatadora pelo reggae, descrita por ele como um verdadeiro “orgasmo musical” e um “amor à primeira vista”.
Mesmo admirando lendas como Bob Marley, Peter Tosh, Jacob Miller e Jimmy Cliff, Tom Brown sempre buscou uma identidade própria, inspirando-se mais nos músicos locais do que em artistas internacionais. Hoje, ele afirma que sua maior referência é Deus, e se identifica com o espírito irreverente e justo de Peter Tosh — embora com sua própria maneira de agir.
Para ele, o reggae enfrenta barreiras impostas tanto pelo sistema musical, que evita canções com mensagens sociais, quanto pelo próprio meio artístico, onde o egoísmo e o egocentrismo atrapalham a união. Ainda assim, Tom Brown celebra conquistas, como o espaço garantido ao reggae na Micareta de Feira, e defende que os artistas locais recebam o devido reconhecimento como profissionais.
Com a banda Montezion, fundada após o período militar, ele marcou presença histórica no palco da Micareta de 1998, momento eternizado em sua memória. Recentemente, brilhou no primeiro Festival Regional de Cultura, Arte e Sustentabilidade, onde foi premiado como melhor banda.
Fora dos palcos, Tom Brown é apaixonado por Fórmula 1, vôlei, basquete e esportes radicais como skate e bike, mas se mantém crítico a modalidades como boxe e MMA.
Sua mensagem para a nação regueira é clara: “Nada é fácil, tudo é trabalhoso. Não trabalhe só pelo dinheiro, mas por amor.” Citando o Salmo 40, ele reforça a importância da paciência, da fé e do amor ao próximo, valores que considera urgentes para transformar o mundo.
Tom Brown sonha com um reggae mais unido, que olhe para o coletivo e mantenha viva a essência de sua mensagem. Feira de Santana é sua casa, seu palco e sua missão — e ele segue como um verdadeiro embaixador da música e da cultura.
